Um
grande amigo meu sempre gostou das crônicas de Arnaldo Jabor, por isso em
homenagem a ele, meu amigo Linival Brito, postarei nesta semana, Crônicas e
textos deste grande jornalista e escritor, Sr. Arnaldo Jabor.
QUERO
VOLTAR A CONFIAR
Fui
criado com princípios morais comuns.
Quando
eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades
dignas de respeito e consideração.
Quanto
mais próximos ou mais velhos, mais afeto.
Inimaginável
responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades...
Confiávamos
nos adultos, porque todos eram pais, mães ou familiares da nossa rua, do bairro
ou da cidade.
Tínhamos
medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror...
Hoje
me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos.
Tudo
que os meus netos um dia enfrentarão.
Pelo
medo no olhar das crianças, dos velhos, dos jovens e dos adultos.
Direitos
humanos para os criminosos, deveres ilimitados para os cidadãos honestos.
Não
levar vantagem em tudo significa ser idiota. Trabalhador digno e cumpridor dos
deveres virou otário.
Pagar
dívidas em dia é ser tonto - anistia para corruptos e sonegadores.
O
que aconteceu conosco?
Professores
maltratados nas salas de aula; comerciantes ameaçados por traficantes; grades
em nossas janelas e portas.
Que
valores são esses?
Automóveis
que valem mais que abraços. Filhas querendo uma cirurgia como presente por
passarem de ano.
Filhos
esquecendo o respeito no trato com pais e avós.
No
lugar de senhor, senhora, ficou “oi cara”, ou “como está, coroa”?
Celulares
nas mochilas de crianças.
“O
que vais querer em troca de um abraço?” – “A diversão vale mais que um
diploma.” – “Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa.” – “Mais vale uma
maquiagem do que um sorvete.” - “Aparecer do que ser.”
Quando
foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?
Quero
arrancar as grades da minha janela para poder tocar nas flores…
Quero
me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão.
Quero
a honestidade como motivo de orgulho.
Quero
a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar “olho no olho”. Quero sair de casa
sabendo a hora em que estarei de volta, sem medo de assaltos ou balas perdidas.
Quero
a vergonha na cara e a solidariedade.
Onde
a palavra valia mais que um documento assinado. Quero a esperança, a alegria, a
confiança de volta. Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível
de” ao falar de uma pessoa.
E
viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como o céu de
primavera, leve como a brisa da manhã. E definitivamente bela como cada
amanhecer.
Quero
ter de volta o meu mundo simples e comum, onde existam o amor, a solidariedade
e a fraternidade como bases.
Vamos
voltar a ser gente. A ter indignação diante da falta de ética, de moral, de
respeito. Construir um mundo melhor, mais justo e mais humano, onde as pessoas
respeitem as pessoas.
Utopia?
Quem
sabe.
Precisamos
tentar.
Nossos
filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão.
Quem
sabe começando a caminhar ou ajudando a transmitir esta mensagem teremos de
volta nossa dignidade, nosso respeito, nossos direitos, nossas vidas.
Pense,
decida.
Só
depende de você.
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Um
grande abraço, a você grande amigo Linival
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