Imagine que aterrorizante seria se um belo dia você voltasse para casa e tivesse certeza absoluta de que a sua família foi substituída por impostores que têm a mesma aparência que o seu irmão, mãe, cônjuge etc., mas são estranhos que estão tentando enganar você. Essas pessoas inclusive sabem detalhes importantes e íntimos sobre a sua vida, mas você sabe que é tudo parte de uma farsa e não consegue sentir qualquer familiaridade com esses indivíduos.
Apesar de parecer maluquice, existem pessoas que passam por experiências semelhantes, e o diagnóstico geralmente é que elas padecem da Ilusão de Capgras. O distúrbio foi descrito pela primeira vez por Jean Reboul-Lachaux e Joseph Capgras, dois médicos franceses que trataram uma mulher que estava completamente convencida de que sua família e vizinhos tinham sido trocados por farsantes.
Ela inclusive acreditava que havia 80 homens que se faziam passar por seu marido, e que se ela se livrasse de um, outro viria para ficar no lugar do que havia ido embora! A descrição desse caso ocorreu em 1923, e até hoje os pesquisadores não têm certeza do que exatamente desencadeia o distúrbio. Contudo, estudos apontaram que ele frequentemente aparece em pessoas que já sofrem de alterações psicóticas.
Estudos também revelaram que a síndrome se manifesta em mais de um terço de pessoas que sofrem traumas na cabeça. Assim, apesar de os pesquisadores não conhecerem a causa exata da Ilusão de Capgras, eles suspeitam que ela seja provocada por uma interrupção da comunicação entre as regiões cerebrais responsáveis por lidar com respostas emocionais e por processar as informações visuais das faces.
Além disso, alguns pesquisadores propõem que a síndrome seja um problema de administração de memória. Uma analogia interessante para entender o problema é imaginar que o cérebro é um computador. Quando criamos um arquivo novo, nós o salvamos em determinado local e, cada vez que precisamos editá-lo, o abrimos, incluímos as novas informações, salvamos tudo e voltamos a fechá-lo.
Em pessoas que sofrem com a Ilusão de Capgras, os pesquisadores acreditam que, em vez de acessar o mesmo arquivo — ou a memória que já foi armazenada no cérebro —, elas começam a criar novas memórias cada vez que se encontram com alguém conhecido. Assim, quando os pacientes reencontram esse indivíduo que deveria ser familiar, eles têm a impressão de que se trata de uma pessoa com traços ligeiramente diferentes. E, para lidar com isso, o cérebro cria a ilusão do impostor.
Fonte: MegaCurioso
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